Com a suspensão dos recursos da linha
Pró-Cotista na Caixa, banco é o único que oferece linha mais acessível. Mas é
fácil conseguir o crédito no banco?
São Paulo – Subsidiada com recursos
do FGTS, a linha Pró-Cotista é hoje a mais
acessível do mercado para quem quer financiar um imóvel e não se enquadra nas regras do
programa Minha Casa Minha Vida. O problema é que os recursos para este ano já se esgotaram na Caixa.
Além do banco, apenas o BB oferece o crédito.
Mas se há uma alta demanda pelo crédito
na Caixa, que empresta mais dinheiro no segmento, por que ele ainda não se
esgotou no Banco do Brasil? Quem busca o crédito no BB encontra a mesma
facilidade para tomar o crédito que na Caixa?
Segundo analistas, não. Uma da razões é
porque o BB oferece crédito imobiliário há
não muito tempo, e ainda está criando processos mais eficientes para crescer no
segmento. O banco começou a atuar no segmento em 2008, e foi em 2014 que ocupou
o posto do segundo banco que mais financia imóveis no país.
Neste período, o banco prepara o terreno
para oferecer cada vez mais crédito para imóveis, mas isso, naturalmente, está
acontecendo em uma escala muito menor do que a da Caixa, inclusive na
Pró-Cotista.
Nos últimos 12 meses, o BB afirma que
teve um crescimento de 70% na concessão de crédito na linha Pró-Cotista, que
atingiu 2,5 bilhões de reais. Mas na Caixa, em 2016, os valores financiados
pela Pró-Cotista somaram 5,5 bilhões de reais. Para este ano, o objetivo da
Caixa é financiar 6,1 bilhões de reais na linha.
De acordo com Luis Miguel Santacreu,
analista do setor bancário da Austin Rating, o Banco do Brasil tem uma postura
mais cautelosa ao oferecer crédito imobiliário. “O BB tem recursos, mas não tem
a mesma equipe e histórico da Caixa. Precisou desenvolver uma política para um
segmento relativamente novo no banco. O BB não é pequeno, e o crédito
imobiliário demanda uma análise mais detalhada”.
Até que essa política seja plenamente
desenvolvida, o banco pode ser mais lento ao emprestar dinheiro no segmento,
diz o especialista em crédito Marcelo Prata.
Ter capital aberto na bolsa de valores
também faz com que o BB tenha uma gestão mais cautelosa, apesar de ainda ser
influenciado por questões políticas por ser um banco estatal, diz Santacreu.
“Ele se aproxima mais dos bancos privados. Tem, como qualquer outro, temor com
relação Av um aumento brusco da inadimplência e o efeito que isso poderia
causar no preço das suas ações”.
Com taxas a partir de 7,85% ao ano, a
linha Pró-Cotista financia imóveis novos de até 1,5 milhão de reais e usados de
até 950 mil reais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito
Federal, e de até 800 mil reais nos demais estados. A exigência é que o tomador
do crédito tenha no mínimo três anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma
empresa ou em empresas diferentes, consecutivos ou não. Também é necessário ter
contrato de trabalho ativo sob o regime do FGTS ou saldo em conta do fundo, na
data de concessão do financiamento, correspondente a, no mínimo, 10% do valor
do imóvel.
A taxa da Pró-Cotista no BB é mais cara
do que a oferecida pela Caixa: começa em 9% ao ano. Mas ainda é inferior à
mínima oferecida em outras linhas de crédito imobiliário, de 9,99% ao ano.
Recursos foram divididos de acordo com
representatividade dos bancos
De acordo com o Ministério das Cidades,
os recursos do FGTS foram divididos entre Caixa e BB de acordo com a
representatividade dos bancos no mercado. Como a Caixa detém 70% do crédito
oferecido no segmento, obteve, consequentemente, mais recursos subsidiados.
Ou seja, a Caixa recebeu um crédito bem
maior do que o BB e já conseguiu esgotar todos os recursos, enquanto o banco
continua oferecendo a linha.
Apesar de não haver regulamentação que
imponha meta anual de contratação de financiamentos com recursos do FGTS, o
Ministério das Cidades pode remanejar os recursos alocados, e não utilizados,
em favor de agentes financeiros que demonstrarem melhores resultados na sua
aplicação, conforme explica, em nota. Ou seja, o BB não pode deixar os recursos
parados, sob pena de perdê-los. Mas tem a liberdade de selecionar mais para
quem realiza os empréstimos.
Clientes são prioridade no crédito do
BB
Apesar de mais cauteloso, o Banco do
Brasil quer aproveitar a oportunidade de ser a única alternativa para quem quer
pagar juros menores no financiamento do imóvel. A ideia é começar a oferecer a
Pró-Cotista de forma mais ativa.
Contudo, a prioridade, diz o banco,
serão seus clientes. Recentemente, o BB diz ter identificado 524 mil clientes
com potencial de utilização imediata da linha Pró-Cotista.
O argumento do banco ao utilizar esta
estratégia é de que busca fidelizar clientes e ter mais rentabilidade no longo
prazo. Para Santacreu, essa decisão faz sentido. “Em um ambiente econômico
ainda recessivo, conhecer melhor o tomador de crédito minimiza riscos. E o
banco tem uma carteira grande de clientes, inclusive de servidores públicos,
que têm maior estabilidade no emprego e oferecem menos riscos em um
financiamento de longo prazo”.
Questionado se o processo de liberação
do crédito no banco é mais demorado, o BB aponta que vem conseguindo melhorar
os prazos. Hoje, 60% dos contratos saem em até 20 dias, diz o banco,
graças ao apoio de especialistas dedicados à assessoria aos clientes.
O banco também vem desenvolvendo
ferramentas no celular e pela internet para que o tomador possa acompanhar a
solicitação do crédito como forma de agilizar a regularização de documentações,
quando for necessário.
O BB lançou ainda recentemente o site
Balcão de Imóveis, onde o cliente pode encontrar um imóvel pronto ou na planta
com condições diferenciadas, simular seu financiamento e acompanhar o processo
pela internet.
Desde o mês passado, o Banco do Brasil
já testa seu aplicativo para originar operações de crédito imobiliário. O app
permitirá solicitar o contato para apresentação de proposta.
Nesta primeira fase, é possível apenas
simular o crédito pelo celular. Mas a expectativa é de que até o final do
ano já seja possível realizar todo o procedimento de acolhimento de propostas e
envio de documentação pelo aplicativo, o que também deve agilizar o processo de
liberação do dinheiro.
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