A região na qual se constitui é ocupada desde o século XVI, tendo seu
desenvolvimento se dado paralelamente àquele da própria cidade. O bairro se
destaca pela presença de grande quantidade de exemplares da arquitetura de
tendências diversas. Sempre foi endereço de expressivas famílias tradicionais
da aristocracia paulista, de maioria de origem portuguesa no início e depois de
norte americanos e outras nacionalidades, passando a abrigar, nos dias de hoje,
habitantes de variadas origens, migrantes e imigrantes, inclusive judeus de
diversas nacionalidades provindos em sua maioria da Europa
Central. Tendo ainda se tornado um dos bairros preferidos por artistas em
geral, sendo palco de grandes atividades na semana de arte moderna.
Limita-se com os bairros de: Cerqueira
César, Pacaembu, Santa Cecília, Vila Buarque e Perdizes.
História
A região onde se situam os atuais bairros de Higienópolis, Pacaembu e Perdizes compreendia
a "Sesmaria do Pacaembu", que era dividida em Pacaembu de Cima, do
Meio e de Baixo. O bairro de Higienóplis está localizado em parte do que
era conhecida como "de Cima". A extensa propriedade rural pertencia
à Companhia de Jesus. Seus membros, os jesuítas, receberam-na
no século XVI como resultado de uma doação feita pelo
donatário Martim Afonso de Sousa. Esses religiosos foram violentamente
expulsos do Reino de Portugal e de suas colônias em 1760,
através da determinação de Marquês de Pombal e seus bens foram
confiscados e vendidos, dentre eles a sesmaria. E ali, com o passar
dos anos, integrantes da aristocracia paulistana construíam suas chácaras,
propriedades urbano-rurais e autossuficientes em água e subsistência. Já
existia na região do Bairro da Vila Buarque a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, inaugurada em 1884, bem como,
inaugurou-se em 1892 o viaduto do Chá que trouxeram ao lugar,
desenvolvimento e fluxo respectivamente àquele local que era considerado
inóspito.
Devido ao crescimento da cidade, causado pelo êxodo rural e o Ciclo do
café, essas terras foram loteadas. As antigas terras do Barão de
Ramalho e do legado do espólio do padre pernambucano Wanderley, que juntas
apresentavam 847.473 m², foram compradas em 1893 por Martinho Buchard
e Victor Nothmann, capitalistas alemães. Os dois empreendedores trouxeram
da França o projeto e os materiais para a construção do segundo
loteamento planejado e de alto-padrão da cidade, destinado especificamente para
a elite paulistana. Chamado primeiramente de "Boulevard
Bouchard", o loteamento fora lançado em 1895.. Com os acréscimos
posteriormente dos já existentes sítios de Dona Veridiana que mandou construir
em 1884 uma "villa" denominada Maria que ladeava a hoje avenida
Higienóplis até ao que hoje é a avenida Angélica e Dona Angélica que possuía
também um sítio mas nunca lá morou; que se juntaram todas essas terras formando
o que hoje é o bairro de Higienópolis (cidade ou lugar de higiene), nome
atribuído por conta de um hotel indicado por suas condições de limpeza e
climáticas que era administrado pela Cia Higienópolis, acrescente-se a isso que
ressaltadas pela altitude do bairro, que impedia o acúmulo de grandes
enchentes, que poderia resultar em áreas de fácil contaminação da Malária,
Febre Amarela e Tifo e pela publicidade do empreendimento, tais como o
fornecimento de água e esgoto que vieram logo depois, que na época eram
proporcionados em poucos locais da cidade. Além disso possuiria também
iluminação à gás, arborização e seria atendido por linhas de bondes, sendo
considerado como o maior loteamento em extensão territorial e em importância
social e econômica.
Visão da Universidade Presbiteriana Mackenzie, tem suas origens no Mackenzie College, construído em 1874. |
Na época no bairro de Vila Buarque a região já contava com o Colégio
Mackenzie - Gymnasio Americano, que gerou o atual campus paulistano da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Construído em 1874 no terreno de
parte da antiga chácara de Dona Maria Antônia da Silva Ramos, e que foi um
empreendimento idealizado pelo Reverendo Chamberlain. Além do Hospital Samaritano de São Paulo, edificado em 1892 pela firma Krugg &
Filho, através de doações diversas: de José Pereira Achao (por testamento),
Victor Nothmann e Burchard, dos presbiterianos do Instituto Mackenzie, família
Lee e Dona Maria Paes de Barros.
O loteamento foi dividido em duas fases: Higienópolis 1 e Higienópolis
2, possuindo lotes de 700m² a 1000 m² juntamente com os sítios de Dona
Veridiana e Dona Angélica. Na primeira etapa, a dos altos de Santa Cecília,
vias foram criadas e receberam os nomes de 3 senhoras integrantes da
aristocracia local, proprietárias de extensa áreas na região, todas filhas de
abastados barões: Maria Angélica de Sousa Queirós, filha do barão de
Sousa Queirós (Avenida Angélica), Maria Antônia da Silva Ramos, filha
do barão de Antonina (Rua Maria Antônia) e Veridiana da Silva
Prado, filha do barão de Iguape (Rua Dona Veridiana).
"A Avenida Higienópolis, com alguns palacetes
belíssimos e muitas casas bonitas, ricos jardins e arranjos de terreno que
eliminam toda a monotonia da cidade, pode competir vitoriosamente com as mais
belas ruas modernas das cidades europeias, com a vantagem que, nos jardins,
há uma flora quase tropical, a alegria das corolas multicolores, plantas de
folhagens régias e variedade de vivos vegetais de toda espécie. Outras novas
e amplas ruas se entrelaçam, contornadas sempre de casinhas de um a dois
andares, edificações ocultas entre os ramos e as flores, alegres habitações
de luzes e de cores que irradiam uma aura de doçura e de simplicidade".
|
Ernesto Bertarelli, artista italiano e colaborador
do jornal O Estado de S. Paulo, em 1913.
|
E logo a área foi ocupada pela aristocracia do café, fazendeiros,
empresários, comerciantes, anglo-saxões e profissionais liberais; que erguiam
seus palacetes, os mais elegantes da cidade. Muitos deles anteriormente
moravam nos Campos Elísios, primeiro bairro nobre paulistano.
Dentre os membros da elite destacam-se:as famílias Sousa Queirós, Prado,
Alves Lima, Silva Telles, Toledo Piza, Pacheco e Silva, Paes de Barros, Barros
Brotero, Amaral Souza, Lucas Garcia Borges, o conde Antônio Álvares Leite
Penteado, o cafeicultor Carlos Leôncio de Magalhães, a família do
presidente Rodrigues Alves, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o
empresário e comendador Franz Müller, o delegado Arthur Rudge da
Silva Ramos, o jurista e político Jorge Americano, os ex-prefeitos da
cidade: o urbanista e engenheiro Francisco Prestes Maia e o
empresário, banqueiro e engenheiro Olavo Egydio Setúbal, o aristocrata e
cafeicultor José de Queirós Aranha, a pintora modernista Tarsila do
Amaral, a pianista Guiomar Novais, o jornalista Júlio Mesquita, o
médico e ex-governador do estado Ademar de Barros, o médico Geraldo
Vicente de Azevedo, e, dentre outros, Dom Luís Gastão de Orléans e
Bragança, príncipe imperial do Brasil.
Antiga residência de Francisco Camargo Lima, a partir de 1949; do médico Rubens de Brito, posteriormente transformada em agência bancária. |
As mansões do bairro reproduziam os modelos franceses, procurava-se recriar o modo de vida das metrópoles europeias mais importantes do século XIX, tanto que a manutenção de um palacete exigia no mínimo de 10 a 15 criados. Os móveis, o material de construção e até a planta das casas eram trazidas da Europa. Possuíam pomares e jardins, algumas delas seriam tombadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental de São Paulo e, instituições educacionais e consulados se estabeleceriam nas tradicionais moradias. Uma das mais conhecidas da época chamava-se Vila Penteado. Construída em 1902 no estilo art nouveau, era pertencente ao conde Antônio Álvares Leite Penteado, fazendeiro de café e industrial paulista, detentor de grande riqueza. Projetada pelo engenheiro sueco Carlos Ekman foi a lançadora desse estilo na cidade. Decorada com estátuas, mobiliário, vitrais e mármores europeus. Ocupava toda a quadra entre a Avenida Higienópolis, ruas Sabará, Maranhão e Itambé, com grande área verde.
Outro bom exemplo é a já citada "Villa Maria" de Veridiana
da Silva Prado, que recebeu reis e princesas e depois serviu de residência para
a própria Dona Veridiana que havia se separado do esposo causando grande
comentário à época, imóvel hoje preservado e pertencente ao Iate Clube de
Santos, que passou a ocupar o espaço a partir de 2008 É usado ou
locado para alguns eventos, tais como, leilões, vernissages, festas de
casamento, entre outros, era filha de Antônio da Silva Prado, barão
de Iguape.
No ano de 1900, deu-se a inauguração da linha de bondes elétricos
da Vila Buarque, fato que causou o desenvolvimento do bairro iniciado na
região da Rua Maranhão. O "bonde 25", como era chamado, que
passava por essa rua, atraía visitantes devido à arquitetura e ao luxo da área.
Em 1928 foi inaugurada a Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, projetada pelo engenheiro italiano
Antonio Vincenti, sendo executada a obra pelo arquiteto Fiorello Panelli, com
seu interior inacabado. A imagem de Santa Teresinha, trazida da
cidade francesa de Lisieux, sendo doação de dona Sofia Neves
Torres e o sino, presente do empresário ítalo-brasileiro Conde
Matarazzo.
Crises e verticalização
A epidemia de febre amarela, que invadiu a cidade de Campinas (a
porta da cafeicultura do planalto), tendo Adolfo Lutz,
calculado em três quartos a população que deixou Campinas em direção a outras
cidades, fugindo da epidemia, com os fazendeiros transferindo suas residências
para a capital, embora a grande maioria conservando suas fazendas e lavouras no
interior. A Grande Depressão (a Crise de 1929) e a Revolução
de 1930 trouxeram mudanças a muitas famílias, além da perda dos
investimentos de diversos cafeicultores. Então inicia-se o processo
de verticalização do bairro, sendo um dos primeiros após o Centro
Histórico da cidade.
Seu primeiro edifício foi o Condomínio Edifício Alagoas (1933),
para Abel Drummond, pela construtora Barreto Xandi & Cia., o primeiro da
capital do Estado a ter um apartamento por andar, e que causou críticas por ser
construído em um bairro apenas de casas e onde residiu o escritor e jornalista
católico Plínio Corrêa de Oliveira.
O segundo edifício (1935), seguido de outras construções importantes e de
luxo, o Edifício Santo André, obra de Francisco Matarazzo e do
arquiteto francês Jacques Pilon, na Rua Piauí esquina com Avenida
Angélica, foi onde residiu a artista Tarsila do Amaral,
com vista para o Parque Buenos Aires, com painel no hall de entrada, em
alto relevo, do artista John Graz, e foi considerado o edifício elegante da
ocasião. O Santo André foi ainda o primeiro edifício a usar estacas tipo Franki
em sua fundação. O terceiro foi o Edifício Augusto Barreto, em
estilo art déco, pegado, no lado da Avenida Angélica.
E foi construído o D.Pedro II, o primeiro da Avenida
Higienópolis (1938) com somente 2 andares. E o Edifício Santa
Amália (1943), na Rua Piauí, pegado ao Edifício Santo André, obra de
Francisco Matarazzo Netto, e o Edifício Higienópolis (1943),
no terreno da outrora residência da família Alves Lima.
Edifício Louveira. |
Os anos de 1940 surgiram com edificação de novos prédios a preços
módicos, como o Edifício Rubayat e o Edifício
Teresópolis. Aconteceu o êxodo da elite deixando seus palacetes para locais
mais aprazíveis, dando lugar aos edifícios para a classe média. Em 1946 o Edifício
Louveira, edifício residencial localizado na praça Vilaboim, foi projetado
pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi,
sendo considerado importante representante da arquitetura moderna, tendo sido
tombado pelo Condephaat.).
O Edifício Prudência (1944), foi um projeto de Rino Levi,
com jardins de Burle Marx. E surgiram prédios como o D.João V,
construção de Adolpho Lindenberg (engenheiro), Brasil Colonia, Brasil
Império, Brasil República, Lindenberg e
aqueles denominados de mansão:Mansão Orlandina Rudge Ramos, Mansão
Michelangelo, Mansão Verlaine. E, os edifícios Barão de
Antonina, Barão de Jundiaí, Marquês de Três Rios, Solar
do Conde, Príncipe de Galles, Professor Vilaboim, Louveira (1946), Paulistania, São
Clemente, Lafayette e tantos outros.
Edifício Bretagne. |
O Edifício Bretagne (1959),
construção projetada por João Artacho Jurado, na Avenida Higienópolis, tendo
ao lado o palacete de Antonieta Cintra Gordinho e o da Cúria Metropolitana de
São Paulo, e do mesmo, o Edifício Parque das Hortênsias (1957),
o Edifício Piauí (1949) e o Edifício Cinderela (1956). de
construção de Adolpho Lindenberg (engenheiro), na mesma confluência com a Rua
Sabará, onde já havia o Domus de 1956, feito na obra de Ermanno
Siffredi e Maria Bardelli.
E os Edifícios Santa Francisca e Santa Cândida (1963) projetado
por Salvador Candia, nas esquinas da Rua Marques de Itú com Rua Aureliano
Coutinho, feitos embasados na obra de Ludwig Mies van der Rohe, todos de vidro e lajes nervuradas que dispensam
colunas no interior do imóvel, são um ícone da arquitetura moderna da cidade.
Aconteceu aquela que seria considerada uma revolução na arquitetura
residencial paulistana: o advento da arquitetura modernista em
edifícios de apartamentos. Toda a cidade de São Paulo até então se
caracterizava pelos traços da arquitetura eclética, de perfil historicista e
europeizante da elite local.
No entanto, a partir da década de 1950, o bairro começou a assumir o
caráter pelo qual se tornou conhecido, recebendo grande quantidade de
investimentos imobiliários incentivados pela baronesa do café e herdeira da
sesmaria de São Antônio da Posse, Fernanda da Veiga de Mattos, que levaram à
demolição de grande parte dos antigos casarões que o caracterizavam. Com tal
fenômeno, o bairro tornou-se um ponto de destaque na cidade como um
"mostruário" de exemplares diversos também de arquitetura,
ocupado quase que predominantemente por edifícios de apartamentos de
múltiplos andares, transformando-se na década de 1960 em uma
"floresta de concreto armado". Além de proprietária de grande parcela
do que hoje é o bairro, foi grande incentivadora do capitalismo selvagem (assim
como os integrantes da banda Titãs, em seu single "Homem Primata") e
adquiriu em seguida o que hoje é o bairro do Jardim Paulista e Cerqueira César
(nome dado em homenagem ao primo que trouxe a tecnologia da escada Magirus e
a técnica de produção da garrafa PET e também era conhecido pelo seu acrônimo,
CêCê.
Há quem diga que a necessidade de aquisições compulsivas de lenços
(lençomania), levaram à demolição de grande parte dos antigos casarões que o
caracterizavam. Com tal fenômeno, o bairro tornou-se um ponto de destaque na
cidade como um "mostruário" de exemplares diversos também de arquitetura,
ocupado quase que predominantemente por edifícios de apartamentos de
múltiplos andares, transformando-se na década de 1960 em uma
"floresta de concreto armado", entremeados, com lojas do artefatos
objeto de sua fixação.
Houve um grande aumento na população, de onde surgiram outros perfis de
moradores como: profissionais liberais, funcionários, estudantes, comerciantes,
industriais, e judeus abonados advindos do Bom Retiro, sendo que, as novas
gerações das famílias judaicas mudavam-se para o bairro, trazendo consigo
colégios tradicionais e sinagogas. O bairro abriga de 20-40% dos judeus
paulistanos, e segundo a Federação Israelita do Estado de São Paulo abriga 12
mil das 60 mil pessoas que formam a comunidade, ocupando prédios
especificamente projetados a eles, apresentando os chamados elevadores-shabat,
programados para parar em todos os andares e ficarem abertos por alguns
segundos para dar tempo de as pessoas entrarem e seguirem até o piso desejado,
sendo acionados pelo peso. A região possui seis sinagogas: a Beit Yacov, a
Mekor Chaim, a Monte Sinai, a Bnei Akiva, a Binian Olam e a Knesset Israel.
Porém, na maioria dos prédios do bairro, as construções apresentam elevadores
que operam da forma normal e tradicional do país.
Vista aérea do bairro. |
Mesmo após a abertura de outros bairros de perfil elitizado, Higienópolis manteve-se como uma área de grande valor e conseguiu se adiantar na evolução urbanística paulistana. No período entre as décadas de 1970 a 1990, manteve-se exceção frente ao esvaziamento do centro de São Paulo pelas camadas de renda superiores, constituindo-se ainda em um espaço de segregação social, devido principalmente à sua arquitetura e pelas instituições culturais que abriga, em comparação ao bairro de Campos Elísios no distrito de Santa Cecília.
Qualidade de vida
Localizado na Consolação, distrito que possui o oitavo maior IDH da
cidade, Higienópolis apresenta: praças, igrejas, universidades, colégios,
consulados, embaixadas, hospitais, hotéis, museus, teatros, restaurantes e
lojas. Apresenta um dos metros quadrados mais caros da cidade, sendo
classificado pelo CRECI como "Zona de Valor A", tal como outros
bairros nobres da cidade.
Parque Buenos Aires. |
Abriga diversas áreas verdes, como o Parque Buenos Aires, inaugurado em 1913, onde
funciona a Escola Municipal de Educação Infantil Monteiro Lobato, e possui o
parque dos cães, pensado especialmente para os cachorros, que conta com ampla
área cercada onde eles podem correr livres e se socializarem; a Praça Esther Mesquita com vista para o vale
do Pacaembu, a Praça Vila Boim,
inaugurada em 1877 possuidora de restaurantes, livraria, lojas de
roupas e presentes e concorrida banca de jornais e revistas, bastante
frequentada por estudantes, intelectuais e por idosos e babás com crianças; a
Praça Humberto de Campos, na confluência da Rua Novo Horizonte com a Rua Bahia,
famosa por sua escadaria a quem os moradores chamam de escadinha,
nas proximidades da casa do jurista Luiz Aranha Júnior que traz na fachada o brasão
de sua família. E ainda, a Praça Marechal Cordeiro de Farias, no final da Avenida Paulista e final
da Avenida Angélica, e também da Rua Minas Gerais, e que já mudou de
denominação algumas vezes, com relativa vegetação.
Visão noturna do Shopping Pátio Higienópolis |
Higienópolis, pela sua posição central na metrópole paulistana e pelo
perfil histórico de sua população, apresentou a tendência de abrigar no próprio
bairro e em seu entorno, instituições religiosas e culturais diversas, como:
Curia Metropolitana da Arquidiocese de São Paulo, Casa Pia São Vicente de
Paulo , Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, Igreja do Imaculado Coração de Maria, Faculdade e Colégio Claretiano , Colégio Sion, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Instituto MoreiraSalles, Fundação ArmandoÁlvares Penteado (FAAP), Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Colégio Rio Branco, Escola Carlitos, Colégio Ofélia
Fonseca, Colégio Higienópolis, Istituto Europeo di Design, Escola Panamericana de Arte, Escola Christine Yufon de
etiqueta, Aliança Francesa, Sociedade de Cultura Inglesa, Colégio
Oswaldo Cruz, Colégio Nuno de Andrade, Sociedade Tradição Família e
Propriedade (TFP), Centro Universitário Maria Antônia, Iate Clube de Santos e Clube Piratininga.
Colégio Nossa Senhora de Sion. |
Além do Hospital Samaritano,
na Rua Conselheiro Brotero, conta com o Hospital Santa Isabel, na Rua Dona Veridiana, e o Hospital Infantil Sabará, na Avenida Angélica.. Conta com a farmácia Drogamérica, do
farmacêutico Paulo Queiroz Marques, o mais antigo da cidade, e que
conserva decoração e mobília, que lhe dão um ar retrô, contando com
acervo dedicado a peças de época, e que fez doação de parte ao Museu da Santa
Casa de Misericórdia.
Ao final de 1999 foi inaugurado no bairro o Shopping Pátio Higienópolis, empreendimento polêmico que foi muito criticado e sofreu
resistências por parte de grupos preocupados com a preservação da qualidade
urbanística do bairro, o que acabou gerando modificações do projeto. Apesar da
polêmica, o shopping foi ampliado em 2010, com inauguração de nova ala,
sofrendo processo por funcionamento irregular.
Avenida Angélica na altura da Escola Panamericana de Arte com Rua Pará |
O bairro conta com restaurantes das mais variadas especialidades,
localizados nas ruas: Pará, Mato Grosso, Itacolomi, Sergipe, Bahia, Minas
Gerais, Maranhão, Dona Veridiana, Marques de Itú, Martinico Prado, Barão de
Tatuí e na Praça Vilaboim. Possui vários supermercados e, todas as
sextas-feiras ocorre na Rua Mato Grosso, atrás do Cemitério da Consolação, a tradicional feira de produtos
alimentícios e artigos de uso doméstico. Oferece acomodações nos hotéis:
"Transamerica Flat Higienópolis", "Hotel Tryp
Higienópolis", "The Park Hall Residence Service" e "Hotel
Lev Residencial".
A sede do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo, provisória, esteve
localizada na Avenida Angélica nº 1696, na esquina com a Rua Sergipe, em antiga
residencia, onde mais tarde, em nova construção, veio a se estabelecer um
supermercado.
Abriga sede do 7º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano - 7º BPM/M, na
Avenida Angélica nº 1647, estabelecida em antigo palacete em estilo eclético,
com nítida influência do chalé, entre as ruas Alagoas e Sergipe, tendo ao lado
o Edifício São Clemente, seguido do Edifício Oswaldo Aranha e
do Edifício São José erguido onde ficava a residência do casal
Antonieta e engenheiro Felix Dabus e posteriormente da família Cayres.
O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (8º Distrito do IPHAN),
ocupa, na Avenida Angélica nº 626, palacete que pertenceu a Dona Sebastiana de
Souza Queiroz, de 1910, projeto do arquiteto Ramos de Azevedo,
no antigo pomar da residência de Dona Angélica de Barros e que ainda conserva
os portões originais para passagem dos veículos a tração animal.
E, em outubro de 2013, moradores de Higienópolis começaram a testar
'botão de pânico', como prevenção de assaltos e outras ocorrências.
Os apartamentos, em sua maioria, são bem amplos quando comparados a outros
bairros da cidade, porém, deve-se ressaltar que boa parte deles possui apenas
uma vaga de garagem.
Transporte
No bairro circulam inúmeras linhas de ônibus, inclusive de ônibus elétrico (a linha 408A/10 Machado de
Assis/Cardoso de Almeida), havendo quatro estações de metrô próximas
ao bairro, sendo: Marechal Deodoro, República, Santa Cecília,
além da Estação Paulista nos altos da Rua da Consolação.
Encontra-se em construção a Estação Higienópolis-Mackenzie, Linha
4-Amarela, anexa à Universidade Mackenzie e ao cruzamento da Rua da
Consolação com a Rua Piauí. Terá integração para a também futura Linha
6-Laranja, que está sendo chamada de "Linha das Universidades", por
ligar PUC, FAAP, Mackenzie,
interligada à Estação São Joaquim da Linha 1-Azul, servindo a FMU.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) definiu o local exato
onde pretende construir a polêmica estação da Linha 6-Laranja, em
Higienópolis. A parada foi batizada de 'Angélica-Pacaembu' e ficará na Rua
Sergipe, entre a Rua Ceará e a Rua Bahia. Haverá ainda outras duas saídas: uma
na Rua Bahia, para o Pacaembu, e outra para a Fundação Armando Álvares Penteado
(Faap). Em maio, o Metrô anunciou a mudança e foi criada uma polêmica, pois se
levantou a hipótese de que a alteração seria para agradar os moradores. A
companhia diz que a decisão foi técnica. Estação Angélica: Metrô opta por
acessos discretos, sendo que a nova estação deverá receber 29.090 passageiros
por dia, um aumento de 32% na demanda em comparação com a antiga planejada.
Além do custo das obras, estações maiores também sairiam mais caras por causa
da necessidade de desapropriações em bairros nobres como Higienópolis e
Pacaembu. A estimativa é que poucos imóveis precisem ser declarados de
utilidade pública para ceder espaço à estação. Na região da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), apenas um estacionamento deverá ser
desapropriado. Por outro lado, usuários da futura estação devem encontrar
atrações dentro das estações.
A Avenida Angélica tem horário de estacionamento reduzido a
partir de agosto de 2011, além de restrição de conversão à
esquerda em determinados dias e horários.
Acontecimentos
Além dos dias de carnaval, o corso em São Paulo era uma prática
comum nos domingos e dias festivos. Acontecia inicialmente na Avenida
Higienópolis, tendo passado depois para a Avenida Paulista, que precisava
ser irrigada, pois só foi asfaltada no início de 1915 (O Pirralho, 6
jan. 912, p. 16; 6 fev. 1915, p. 7).
Semana de Arte Moderna de 1922. O fazendeiro de café e mecenas Paulo
Prado e a esposa Marinette Prado, em sua casa da Avenida
Higienópolis, constituíram, por muito tempo, importante ponto de encontro de
intelectuais e artistas.
No ano de 1924 ocorreu levante contra o presidente Artur
Bernardes que terminou em conflito entre as tropas rebeldes e as do
governo federal nas ruas da capital de São Paulo. A área do centro da cidade,
como bairros, dentre eles Higienópolis, foram alvo de tiroteios, balas de canhão
e ataques aéreos.
Em 1926, a cidade de São Paulo é invadida por uma onda de assaltos. O
ladrão escolhe sempre as luxuosas mansões das avenidas Brigadeiro Luiz Antônio,
Angélica e Paulista. A polícia se movimenta, mas não consegue nenhuma pista.
Certa tarde, no entanto, após denúncias, investigadores vão até a residência do
misterioso Senhor Gino, e este, ao perceber a presença dos policiais, corre
para os fundos da casa, e como um felino, galga o muro de três metros e
desaparece nos telhados. Está descoberto o autor dos assaltos, seu nome é o
famoso assaltante Gino Meneghetti, italiano de Pisa.
Vindos da Estrada da Boiada (a posterior Avenida Diógenes Ribeiro de
Lima)...houve um estouro da boiada e os magotes de bois passaram pela Rua Bahia
frente à casa da família Pereira de Queiroz, pela paralela Avenida
Angélica e, chegaram na Praça da Sé...o que foi uma grande farra, correr
dos bois em plena cidade, nos anos de 1930.
9 de julho de 1932. Na Rua Sergipe, número 37, bairro de
Higienópolis, ficava a casa em que os conspiradores montaram seu
quartel-general, naquele nervoso sábado, dia 9 de julho de 1932. O endereço, o
Q.G. do general Euclides Figueiredo, foi transformado em senha e
contrassenha para as comunicações entre eles. Um dizia: “Sergipe”; o outro
respondia: “37”. São Paulo, por suas principais lideranças políticas, aliadas a
militares dissidentes, declarava-se em insurreição armada contra o regime de Getúlio
Vargas, instalado um ano e nove meses antes. Tinha início o episódio conhecido
como “Revolução Constitucionalista".
Em 1933, a pintora modernista Anita Malfatti, muda-se para a Rua
Ceará, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade
Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa.
O "Bandido da Luz Vermelha", João Acácio Pereira da Costa,
numa noite, entrou em uma casa em Higienópolis (na Rua Bahia, esquina com a Rua
Pará), onde a dona, senhora da sociedade paulista e a empregada dormiam. Acácio
acordou-as e pediu que abrissem o cofre. Até então, assaltava sem interromper o
sono das vítimas. Pegou dinheiro, joias e, na saída, beijou a mão das mulheres.
Em 1967 foi preso, sendo que, sempre mascarado e usando uma lanterna
vermelha, costumava assaltar mansões em São Paulo depois de desligar as luzes.
Foram seis anos de caça ao bandido, acusado de roubar 300 casas e de matar
quatro pessoas.
Dois sequestros de grande repercussão ocorreram no bairro. No dia 11
de março do ano de 1970, o do cônsul-geral do Japão, Nobuo
Okushi, ocorrido no final da tarde, quando, após terminar o trabalho no
Consulado e dirigir-se a sua casa, na Rua Piauí (antiga residência de Gustavo
Stahl), seu carro foi interceptado na altura da Rua Bahia e teve que parar
bruscamente para que não batesse em um carro que se interpôs à frente. Nobuo
Okushi foi posto no banco traseiro desse carro e levado para a Avenida Ceci, no
bairro de Indianópolis. Em 2001, o publicitário Washington
Olivetto foi sequestrado em 11 de dezembro, minutos após deixar a sua
agência de publicidade, W/Brasil, na Rua Minas Gerais.
Ano de 1980. No Colégio Sion,
aconteceu a Fundação do Partido dos Trabalhadores, com a presença de políticos
e intelectuais.
Em 5 de abril de 1983, por volta das 13:30hs, a guarnição do
PTM composta pelo Tenente Roberto Calegari de Lima, pelos Soldados Gerson Leme,
Edson Ricardo Lima e Reginaldo Bueno de Andrade e pelo Tenente PM José
Marcelino Teodoro Neto, atenderam ocorrência de assalto, na Avenida
Angélica n.º 2318, tendo sido recebidos a tiros, resultando na morte do
Tenente Calegari (18.2.1961 - 29.1.1979) e na morte do marginal Wagner Roberto
da Silva.
Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus. |
Crime passional abalou a sociedade paulista, ocorrido quando Moacir de
Toledo Piza (1891-1923), advogado da turma de 1915 da Faculdade de
Direito, matou-se, com um tiro, numa noite, dentro de um táxi, após matar Nenê
Romano (Lina Machiaverni), na esquina da Avenida Angélica com a Rua
Sergipe, na noite de 25 de outubrode 1923, sendo sepultado no Cemitério da Consolação.
Outro crime famoso aconteceu no interior da Paróquia Santa
Teresinha do Menino Jesus, na Rua Maranhão, no dia 8 de janeiro de 1959,
no casamento do empresário Sílvio Marchioni com a professora Sílvia Sampaio,
quando o noivo foi assassinado pelo médico Abelardo Paiva, morador da Avenida
Angélica.
Com a crise econômica de 1929, aconteceu em São Paulo a tragédia do
palacete da Rua Piauí no bairro de Higienópolis onde o empresário Abelardo
Laudel de Moura de 28 anos, afogado em dívidas, se armou e tentou matar a
mulher, Maria Benedita, que conseguiu escapar, mas ele matou o filho de 2 anos
e a filha e, em seguida, se suicidou.
Na tarde de 5 de outubro de 1995, por ocasião do
sepultamento do Professor Plinio Corrêa de Oliveira, um cortejo numeroso
saiu a pé, da sede do Conselho Nacional da TFP na Rua Itacolomi
esquina com Rua Maranhão, em direção ao Cemitério da Consolação, na Rua da Consolação,
distante cerca de um quilômetro. O longo séquito foi aberto por centenas de
jovens cooperadores da TFP com a fanfarra da entidade executando marchas
fúnebres e hinos religiosos, sendo o esquife levado aos ombros por seus
membros.
E no ano de 2001, resignado, o juiz Nicolau dos Santos Neto esteve
detido num dos prédios da Polícia Federal em São Paulo, um casarão na Rua
Piauí, esquina com a Rua Itacolomi, no bairro de Higienópolis, onde ficava a
carceragem, no antigo casarão da família do ex-presidente Rodrigues Alves (1848-1919),
quando a propriedade foi parte da Polícia Federal, de 1990 a 2003. Na mesma
época também esteve detido no local o senador Luiz Estevão.
A atriz Ariclê Perez, viúva do diretor teatral Flávio Rangel, no
dia 26 de março de 2006, logo após o fim da minissérie
JK, onde viveu a mãe de Juscelino (que terminou dia 24 de março de 2006),
suicidou-se, pulando da janela de seu apartamento, na Rua Itacolomi, esquina
com Rua Maranhão, onde vivia. E, a estilista Clô Orozco, de 60 anos, foi
encontrada morta, no dia 28 de março de 2013, após queda do 5º
andar de prédio na Rua Rio de Janeiro, onde morava.
FONTE : Wikipédia
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