Deslocamentos
menores garantem menos tempo nos congestionamentos e mais tempo para o lazer.
Saiba quais as soluções para conseguir alcançar essa equação
A busca por mais
qualidade de vida se tornou uma constante para população das grandes cidades.
Seja para fugir do trânsito caótico, do agito ou para buscar uma rotina menos
acelerada, são vários as alternativas para tentar uma relação mais tranquila
com a cidade. Os bairros mais verdes ou a escolha de um lugar fora dos grandes
centros urbanos já são opções reais. Porém, essa busca também tem mudado a
forma de se relacionar com o trabalho, já que algumas mudanças no âmbito
profissional também são capazes de proporcionar bem-estar no dia a dia.
A forma como as
cidades enfrentam os grandes congestionamentos hoje é herança da revolução
industrial. “Naquela época, todos os horários foram sincronizados e, enquanto
for assim, os engarrafamentos vão acontecer”, explica Francisco Cunha, formado
em Arquitetura e Urbanismo e sócio da TGI Consultoria e Gestão. O problema
acontece de forma mais forte porque os horários de entrada e saída do trabalho
são basicamente na mesma hora.
A busca por mais qualidade de vida se tornou uma constante para população das grandes cidades (Foto: Shutterstock) |
Outra herança do
modernismo industrial, segundo Francisco Cunha, é a forma como os cidadãos são
zoneados nas cidades, já que, de uma forma geral, existe um lugar para morar,
outro para trabalhar e um para o lazer. “É preciso estar conectado com carro ou
com um bom transporte público. E tem a questão também que antigamente existiam
poucos carros e hoje fica difícil chegar com rapidez”, acrescenta.
O uso múltiplo do
solo é importante nesse processo. Ou seja, os lugares residenciais não devem
ser isolados para, desta forma, diminuir os impactos. “Tem que ter moradia,
comércio, serviços, lazer, saúde e emprego próximos. De preferência, até no
próprio prédio”, afirma James Wright, professor de Estratégia da Universidade
de São Paulo e coordenador do Profuturo-Fia. Francisco Cunha reforça que ter
esses elementos juntos ajuda na ocupação da cidade. “Não adianta ter só uma
coisa ou outra porque fica isolado e se torna perigoso. É preciso ter gente
circulando para que aquele local não tenha os horários de uso limitados com
espaços construídos desocupados. As ruas só são seguras quando tem gente
circulando”, completa.
Seja para fugir do trânsito caótico, do agito ou para buscar uma rotina menos acelerada (Foto; Shutterstock) |
A capital de São
Paulo, que concentra 58,2% da população ocupada, levou em média 139 minutos nos
deslocamentos casa-trabalho-casa. Já na Região Metropolitana a média foi de 137
minutos. O último levantamento do Sistema Firjan, de 2013 e divulgado em
outubro passado, leva em consideração a população ocupada com deslocamentos
acima de 30 minutos. O município de São Paulo ainda respondeu a 64,1% do total
da Região Metropolitana quando considerado o custo nominal dos deslocamentos.
Os dados mostram que a dinâmica econômica (PIB e empregos) é determinante para
o impacto do custo dos deslocamentos sobre a produtividade. Isso significa que,
quanto maior o PIB, maior o volume da produtividade sacrificada per capita.
Ou seja, é preciso
pensar em soluções para aproximar a população de seus locais de trabalho como
forma de garantir mais qualidade de vida e também de ocupar melhor as cidades.
Morar perto do ambiente físico profissional é uma alternativa, mas nem sempre
viável. A reurbanização dos centros das cidades pode despontar como uma
alternativa, desde que siga seja feito de forma organizada.
Atualmente a tecnologia também é uma aliada para aqueles que podem trabalhar remotamente, de casa, no home office (Foto: Shutterstock) |
“Existem movimentos
para reocupar com qualidade os centros da cidade, isso está acontecendo, mas
desde que se possa morar com segurança”, afirma James Wright. Porém, esseé um
processo que ainda promete demorar para se tornar uma realidade concreta. “A
reurbanização não é um projeto de uma gestão apenas. É para olhar para os
próximos 40 anos”, completa André Gomyde, presidente da Rede Brasileira de
Cidades Inteligentes e Humanas.
Atualmente a
tecnologia também é uma aliada para aqueles que podem trabalhar remotamente, de
casa, no home office. “Empresas e governos precisam se reinventar e entender
que a presença não é mais necessária. Qualquer trabalho hoje cabe essa lógica,
até mesmo o trabalho braçal, que está acabando com as máquinas controlando
mais. Desta forma, evitaria mais os deslocamentos, conclui Gomyde.
A capital de São Paulo, que concentra 58,2% da população ocupada, levou em média 139 minutos nos deslocamentos casa-trabalho-casa (Foto: Shutterstock) |
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